21.1.11

Caro,


Desviar merece mérito; pois o mundo tal e qual o necessita. Melhor ainda quando o desviante surge em meio ao estético de pura simetria. A desordem das coisas.
A desordem – também chamada dúvida, desejo, ou mesmo o diabo (embora pense comigo que Deus cria no caos) – é a vida. As paixões habitam o inesperado, e como o que não se planeja é, portanto, engendrado, há paixões por todos os lados.
Simples – lástima não possamos percebê-lo. Apenas olhe-se ao redor, e o que fascina nasce a cada instante, nas minúcias mínimas. O grão de areia e o sorriso da guria; o passarinho e um beco de escadaria; o cheiro do pão; um canto de cigarra; o andar altivo da boemia. Tantas muitas e pequenas pedrarias. Continuasse eu e estaria feita a volta ao mundo, até chegar ao desviante que me enche a mente estes dias: teu mirar oblíquo – a pálpebra imponderável que de mim me desvia.
 
 
 

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