6.1.11

A diferença é a dose


(ou editorial invertido)

Será um processo de cura. Veneno ou remédio, peço socorro às palavras – mais uma vez. Vou me render finalmente à escrita de um blogue porque preciso me defender menos.

O princípio é simples: a alergia é uma defesa do organismo, que crê estar sendo atacado. E, simplificando bastante, tal crença aplicada ao meu organismo em particular leva-me a crises homéricas onde o corpo  simplesmente se fecha não há troca; e respirar é troca. Detalhes sórdidos forneço depois, mas liquido tudo com o silogismo rasteiro de que escrever para mim é viver.

Portanto pretendo escrever, i.e. respirar (e sobreviver) por um período neste... local. Costumo fazê-lo por meio da poesia, mas entrei em pânico quando percebi que ando somente expirando para dentro, ultimamente. É um ar tão sublimado esse da poesia a ponto de não permitir mais misturar-se?...

Não sei o que ocorre, mas desde então tive ganas de furar a bolha, e cuspir todo mínimo sopro, substantivo, resfolego, advérbio, soluço, pronome, (in)(ex)pirado ou não.

Adianto que para a cura ser completa, para uma troca realmente liberta, não pode haver funcionalidade, atravanco, lógica, julgamento, serviço, nada: só o que me acometa de verdade, e que não mereça ficar retido, guardado. Na minha receita entra todo e qualquer texto pedinte por ser processado absorvido e exalado; meus e de outros caminhantes (talvez também hiperalérgicos). Pode ser que tenha a ver com poesia, e desconfio de a senhora rarefeita terminar por invadir e dominar este meu dublê de corpo.

Paciência. Quando ocorrer, talvez eu esteja curada.

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