(ou editorial invertido)
Será um processo de cura. Veneno ou remédio, peço socorro às palavras – mais uma vez. Vou me render finalmente à escrita de um blogue porque preciso me defender menos.
Será um processo de cura. Veneno ou remédio, peço socorro às palavras – mais uma vez. Vou me render finalmente à escrita de um blogue porque preciso me defender menos.
O princípio é simples: a alergia é uma defesa do organismo, que crê estar sendo atacado. E, simplificando bastante, tal crença aplicada ao meu organismo em particular leva-me a crises homéricas onde o corpo simplesmente se fecha – não há troca; e respirar é troca. Detalhes sórdidos forneço depois, mas liquido tudo com o silogismo rasteiro de que escrever para mim é viver.
Portanto pretendo escrever, i.e. respirar (e sobreviver) por um período neste... local. Costumo fazê-lo por meio da poesia, mas entrei em pânico quando percebi que ando somente expirando para dentro, ultimamente. É um ar tão sublimado esse da poesia a ponto de não permitir mais misturar-se?...
Não sei o que ocorre, mas desde então tive ganas de furar a bolha, e cuspir todo mínimo sopro, substantivo, resfolego, advérbio, soluço, pronome, (in)(ex)pirado ou não.
Adianto que para a cura ser completa, para uma troca realmente liberta, não pode haver funcionalidade, atravanco, lógica, julgamento, serviço, nada: só o que me acometa de verdade, e que não mereça ficar retido, guardado. Na minha receita entra todo e qualquer texto pedinte por ser processado – absorvido e exalado; meus e de outros caminhantes (talvez também hiperalérgicos). Pode ser que tenha a ver com poesia, e desconfio de a senhora rarefeita terminar por invadir e dominar este meu dublê de corpo.
Paciência. Quando ocorrer, talvez eu esteja curada.
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