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7.7.14

Jorro


Lembrei hoje com pesar daqueles dias em que este corpo sangrou de amor.

Afogueado, ofertou o que lhe parecia o mais justo, a entranha.

Desnorteado, entendeu ser finalmente hora de demonstrar-se, e ofereceu seu mais cru e simbólico fluxo, da cor que é ela mesma carne das paixões: amor e morte.

Tive pena. E carinho. Corpo órfão de grandes amores. Corpo puro. Entregou-se, em sacro ofício.

Sangrou do modo mais lindo. Feminino.



12.6.13

 
O clamor por ti cavalgaria o horizonte. Este corcel em pleno carrossel de desmesurados anseios seria capaz de romper a película do mundo. Por seres tudo o que desejo, ó carnaval de inteiros mitos do amor, é que te cavalgo impotente, em febre pelo que se esvai e se corrompe em corrida, em movidas pelo enlevo. Agora toureio.
 
  
- do Prova. 
 
  
 

21.1.11

Caro,


Desviar merece mérito; pois o mundo tal e qual o necessita. Melhor ainda quando o desviante surge em meio ao estético de pura simetria. A desordem das coisas.
A desordem – também chamada dúvida, desejo, ou mesmo o diabo (embora pense comigo que Deus cria no caos) – é a vida. As paixões habitam o inesperado, e como o que não se planeja é, portanto, engendrado, há paixões por todos os lados.
Simples – lástima não possamos percebê-lo. Apenas olhe-se ao redor, e o que fascina nasce a cada instante, nas minúcias mínimas. O grão de areia e o sorriso da guria; o passarinho e um beco de escadaria; o cheiro do pão; um canto de cigarra; o andar altivo da boemia. Tantas muitas e pequenas pedrarias. Continuasse eu e estaria feita a volta ao mundo, até chegar ao desviante que me enche a mente estes dias: teu mirar oblíquo – a pálpebra imponderável que de mim me desvia.