deposito as flores. depois a terra. e a cal. 
   deposito os anos, todos multiplicados pelas
   palavras assassinadas. as que morreram em vida.
   deposito, como fazem as criaturas, toda a ignorância
   no plano superior – desde que abaixo, inferior às minhas crenças.
   e lacro. e venero. 
   deposito a alegria. depois deposito o amor. e o inédito.
   digo adeus ao que não entendo, pois a estabilidade
   cuida de mim, por certo.
   desta vez não deposito o dinheiro. não deposito a rotina,
   mas também sequer o desassossego.
   (eles mantêm-me vivo)
   e então lacro. e venero. e sigo, féretro feliz
   jazigo próspero pelo universo.
   a morte é distante. a morte de verdade.
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