então o gazel partido um sol desflecha o amor soturno [guia andaluz: Eros ao contrário] e traz no sopro brisa e secura desejo de tempestade deserto a miragem é perdida mas sem lei insiste
assim pequenos, tentamos escapar. do enormemente importante. do que antes sempre nos fizera patriados das grandezas intolerantes. furamos o condão do isolamento, descemos do camarote – carregados de minúscula pompa era mais fácil. deixamos, negamos a ridiculeza narcísica das fronteiras de nossa simpática ignorância. que fantástica sensação a de nos relevar. e experimentar desguarnecer: o bastante.
O lustre dele me ilustra: os editores da Diversos Afins sabem das coisas. Minha segunda passagem por lá, na 90a. leva, com alguns poemas do Vate e outros esparsos. É uma das revistas mais plurais que conheço. Bacana.
gozo princípio de cada dia repartir para comer os tempos feitos de fartura e saciedade na ceia sem nomes escolhidos são os que não escolhem alimentados são os que gozam e repartem
O direito
à vida é um lugar – campo aberto. Mas sobre as flores pisoteiam. Enlameiam. O
direito à vida é um lugar, campo aberto, porém entre destroços violenta-se. A vida, em pleno direito, exige: respeito. Na
vastidão somos iguais, lugar do acerto.
É o que tem me
fascinado desde que saí do Brasil. Quando estamos em "nossa terra" é
complicado incursionar por esta sutileza. Mas, em condição diversa, revira-se o
céu do pensamento. Aqui, a gringa
sou eu. E ser gringa implica estranhar
não apenas a cultura que acolhe, mas a nossa própria. Deslocamento de todos os
lados. Desde que cheguei
a Londres o Brasil é motivo de ainda mais conflito – aqui dentro. (Poderia
escrever mais, mas sou ruim quando as palavras pedem para ser lógicas.) Então falar sobre
o Brasil que percebo de fora no UK me dói. Mas ao mesmo tempo perceber também o quanto ele é mistificado,
maquiado, incompreendido – como reflexo nascido em parte talvez de nossa própria dificuldade de reflexão interna – desperta o lado raivoso do conflito. Daí quero ser
sincera o quanto posso, quero enfrentar as fragilidades; o que não deixa de
ser um tipo de luta. Um tipo de amor. Poder falar sobre isso como poeta, abordando a Vinagre, e me juntar à voz dos amigos no Brasil me emocionou muito. Isso é vida. Houve bastante interesse, tanto em Manchester (University of Manchester) quanto em Londres (King's College), e especialmente pelo fato de o Brasil não ser um país de leitores. Daí a poesia – que, como disse um alemão na audiência do King's, é sempre deslocada, não importa o perfil leitor do país – destacar-se como reação literária política, foi fator de encantamento. Senti muito orgulho. O texto que orientou a fala está aqui: https://www.academia.edu/5560795/Conference_Musical_and_Other_Cultural_Responses_to_Political_Violence_in_Latin_America E é dedicado a Fabiano Calixto – alma nobre.