30.12.13

O olhar do e para o estrangeiro

É o que tem me fascinado desde que saí do Brasil. Quando estamos em "nossa terra" é complicado incursionar por esta sutileza. Mas, em condição diversa, revira-se o céu do pensamento.
Aqui, a gringa sou eu. E ser gringa implica estranhar não apenas a cultura que acolhe, mas a nossa própria. Deslocamento de todos os lados.
Desde que cheguei a Londres o Brasil é motivo de ainda mais conflito – aqui dentro. (Poderia escrever mais, mas sou ruim quando as palavras pedem para ser lógicas.)  
Então falar sobre o Brasil que percebo de fora no UK me dói. Mas ao mesmo tempo perceber também o quanto ele é mistificado, maquiado, incompreendido – como reflexo nascido em parte talvez de nossa própria dificuldade de reflexão interna – desperta o lado raivoso do conflito. Daí quero ser sincera o quanto posso, quero enfrentar as fragilidades; o que não deixa de ser um tipo de luta. Um tipo de amor.
Poder falar sobre isso como poeta, abordando a Vinagre, e me juntar à voz dos amigos no Brasil me emocionou muito. Isso é vida.
Houve bastante interesse, tanto em Manchester (University of Manchester) quanto em Londres (King's College), e especialmente pelo fato de o Brasil não ser um país de leitores. Daí a poesia – que, como disse um alemão na audiência do King's, é sempre deslocada, não importa o perfil leitor do país – destacar-se como reação literária política, foi fator de encantamento. Senti muito orgulho.
O texto que orientou a fala está aqui: https://www.academia.edu/5560795/Conference_Musical_and_Other_Cultural_Responses_to_Political_Violence_in_Latin_America 
E é dedicado a Fabiano Calixto – alma nobre.   
 

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