21.12.14

darc


 
Havia três mil soldados ao redor da minha

cabeça. Nove mil armaduras, dezoito mil

baionetas. Todo o aparato da culpa de rir

sem par, invasora e cavaleira. O conflito

porém entrou em guerra, e de novo

venceram mortos e feridos – mestres reais

da sobrevivência. No modo batalha sou

mais feliz: pelo meu campo de flores, lança

de estar no mundo contra a trégua do bom

senso; e pela bandeira sanguínea do amor, 
 
que se empunha somente em movimento.  
 
 


7.7.14

Jorro


Lembrei hoje com pesar daqueles dias em que este corpo sangrou de amor.

Afogueado, ofertou o que lhe parecia o mais justo, a entranha.

Desnorteado, entendeu ser finalmente hora de demonstrar-se, e ofereceu seu mais cru e simbólico fluxo, da cor que é ela mesma carne das paixões: amor e morte.

Tive pena. E carinho. Corpo órfão de grandes amores. Corpo puro. Entregou-se, em sacro ofício.

Sangrou do modo mais lindo. Feminino.



22.6.14



então o gazel partido
um sol desflecha o amor soturno
                      [guia andaluz: Eros ao contrário]
e traz no sopro brisa e secura
desejo de tempestade

deserto

a miragem é perdida
mas sem lei
insiste
 
 
 

21.5.14

Títulos

assim pequenos, tentamos escapar. do enormemente importante. do que antes sempre nos fizera patriados das grandezas intolerantes. furamos o condão do isolamento, descemos do camarote  carregados de minúscula pompa era mais fácil. deixamos, negamos a ridiculeza narcísica das fronteiras de nossa simpática ignorância. que fantástica sensação a de nos relevar. e experimentar desguarnecer: o bastante.
 
  
O lustre dele me ilustra: os editores da Diversos Afins sabem das coisas. 
Minha segunda passagem por lá, na 90a. leva, com alguns poemas do Vate e outros esparsos. É uma das revistas mais plurais que conheço. Bacana.


gozo
princípio de cada dia
repartir
para comer os tempos
feitos de fartura e saciedade

na ceia sem nomes

escolhidos são os que
não escolhem

alimentados são
os que gozam

             e repartem



O link: http://diversosafins.com.br/?p=7467&cpage=1#comment-1077

21.4.14

Rio de Janeiro, cidade de Cristos




O direito à vida é um lugar – campo aberto. Mas sobre as flores pisoteiam. Enlameiam. O direito à vida é um lugar, campo aberto, porém entre destroços violenta-se. A vida, em pleno direito, exige: respeito. Na vastidão somos iguais, lugar do acerto.

O direito à vida é imensidão.


Imagem: Mídia Ninja